AMÉRICA LATINA NOS SÉCULOS XX E XXI

MÉXICO

Entre 1876 e 1911, o México foi governado pelo ditador Porfírio Diaz, em cujo governo se ampliou a concentração de terras e houve uma entrada maciça de capital estrangeiro para explorar as riquezas minerais do país. 

Em 1910 teve início a Revolução Mexicana, que contou com a participação de camponeses liderados por Emiliano Zapata e Pancho Villa, de operários e até de parte da elite mexicana liderada por Francisco Madero e que culminou com o fim da ditadura porfirista. 

Madero assumiu a Presidência, mas na realizou a tão reclamada reforma agrária e acabou sendo assassinado em 1913. O General Victoriano Huerta tornou-se ditador com o apoio dos Estados Unidos, mas renunciou e Venustiano Carranza assumiu o poder. Em 1917 foi promulgada uma nova Constituição e Carranza foi eleito Presidente do México. Porém, a luta dos camponeses por terras continuou e só perdeu força com os assassinatos de Zapata (1919) e Villa (1923). 

Na década de 1930, a reforma agrária, causa principal da Revolução Mexicana, ainda não havia sido feita. Lázaro Cárdenas se tornou presidente do México entre 1934 e 1940 e neste período distribuiu a maior parte das terras com os camponeses, nacionalizou companhias estrangeiras e o petróleo e estimulou a criação de sindicatos de camponeses e operários que eram controlados pelo governo. Além disso, criou o Partido da Revolução Mexicana (PRM) que será transformado em Partido Revolucionário Institucional (PRI) em 1948. Este partido aparelhou o governo com seus membros e sindicalistas, criando um sistema corrupto e falsamente democrático, que controlou o México até o final da década de 1990. 

Durante este período em que o PRI “venceu” todas as eleições, o México se endividou e empobreceu ainda mais. Durante o mandato do presidente Andrés Salinas de Gortari o país passou a fazer parte do NAFTA e também ocorreu uma revolta camponesa liderada pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), liderado pelo “comandante Marcos”, que ocupou várias cidades no estado de Chiapas. 

Durante a presidência de Ernesto Zedillo, o México mergulhou na crise mais profunda de sua história, conhecida como “Efeito Tequila”, e só foi salvo graças à ajuda internacional de cerca de 52 bilhões de dólares. Além disso, os escândalos envolvendo altos dirigentes do PRI com o narcotráfico e o assassinato de dois membros do partido que pregavam reformas profundas, levaram à vitória de Vicente Fox, líder do Partido de Ação nacional (PAN) em 2000 e de Felipe Calderón em 2008. A pobreza diminuiu devido aos empregos gerados pelo NAFTA, mas não foram suficientes para reduzir a miséria de algumas regiões e a ação do narcotráfico, que através de seus poderosos cartéis (Sinaloa, Los Zetas, Golfo, Tijuana, Juárez, etc.), criou um verdadeiro “Estado dentro do Estado”. Em 2012, Enrique Peña Nieto (PRI) foi eleito presidente do México e, apesar das acusações de fraude eleitoral, foi confirmado pela Suprema Corte.


NICARÁGUA

A História da Nicarágua sempre foi marcada pelos conflitos entre liberais e conservadores, por invasões, golpes e contragolpes. Em 1936, o general Anastácio Somoza García implantou uma ditadura disfarçada e controlou o país até ser assassinado em 1956. A farsa continuou com seu filho Luiz Somoza (1957-1963), René Gutiérrez (1963-1966), Lorenzo Guerrero Gutiérrez (1966-1967) e Anastácio “Tachito” Somoza (1967-1979). Tachito Somoza assumiu poderes ditatoriais até ser deposto pela Revolução Sandinista, liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), tendo à frente Daniel Ortega. Iniciou-se uma Guerra Civil com a ação grupo conhecido como Os Contras, que recebeu apoio dos Estados Unidos.

Em 1984, em eleições suspeitas, Daniel Ortega foi eleito presidente. A partir de 1990 foram eleitos políticos de oposição aos sandinistas: Violeta Chamorro, Arnoldo Alemán e Enrique Bolanõs.

Em 2006, com o apoio financeiro do carniceiro Hugo Chávez, Daniel Ortega foi eleito presidente da Nicarágua e, seguindo as orientações do tirano de Caracas, persegue a imprensa e as oposições.

HAITI

Em 1804, sob a liderança dos ex-escravos Toussaint L’Ouverture e Jacques Dessalines, o Haiti se tornou o segundo país independente da América, o primeiro da América Latina e também o primeiro do Continente Americano a libertar os escravos.

Daí em diante sua história foi marcada por violentos golpes e intervenções norte-americanas.

Em 1957 tem início a ditadura de François Duvalier, médico sanitarista que combateu a malária no país e por isso ganhou o apelido de Papa Doc (papai médico). Aproveitando-se de sua imensa popularidade, implantou, através da milícia armada conhecida como tontons macoutes (bichos papões) e do vodu, um dos regimes mais violentos e corruptos de que se tem notícia. Seu mandato se tornou vitalício e seu filho foi indicado como seu sucessor.

Em 1971, Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, prosseguiu com a mesma política de seu pai até ser deposto pelos militares em 1986, mas o regime ditatorial se manteve.

Em 1990 houve eleições livres e foi eleito o padre Jean-Bertrand Aristide, que poucos meses depois foi deposto pelos militares, liderados por Raoul Cédras, restaurando a ditadura.

Em 1994, Aristide retornou ao poder com o auxílio dos Estados Unidos e governou até 1996. De 1996 a 2001, o país foi governado por René Préval. Depois Aristide foi eleito novamente e governou até ser deposto em 2004. Devido aos furacões e terremotos, além dos péssimos governantes, o Haiti tornou-se um verdadeiro inferno. Apesar de René Préval ter sido eleito presidente mais uma vez, quem administra o país são as forças da ONU, com tropas brasileiras e argentinas (que Deus proteja o Haiti!). Michel Martely assumiu em 2011 e em 2016 entregou o cargo ao presidente do senado, devido a uma crise eleitoral.

CHILE                            

Após o governo de Eduardo Frei Montalva, do Partido Democrata Cristão, foi eleito presidente Salvador Allende, da Unidad Popular, uma aliança de partidos de esquerda.

No poder, Allende iniciou a nacionalização das indústrias de minérios e a reforma agrária, o que irritou setores da sociedade chilena, como a burguesia, a Igreja Católica e os militares, além dos Estados Unidos, que concederam mais de oito milhões de dólares aos inimigos do governo.

Em 11 de setembro de 1973 ocorreu o Golpe Militar liderado pelo General Augusto Pinochet, que implantou uma das ditaduras mais violentas do continente, com milhares de mortos e refugiados. No setor econômico, a ditadura de Pinochet implantou o neoliberalismo, diminuindo o tamanho do Estado e promovendo o crescimento.

Em 1990 foi eleito Patrício Alwyn, pela aliança Concertación por la Democrácia (Acordo pela Democracia), mas Pinochet se manteve no comando do exército chileno.

Alwin foi sucedido por Eduardo Frei Ruiz (1995-2000) e o país começou a julgar os que cometeram crimes durante a ditadura, gerando uma crise institucional, mas a democracia continuou. 

Entre 2000 e 2005, o Chile foi governado por Ricardo Lagos, que foi sucedido por Michelle Bachelet (2005-2010), primeira mulher eleita presidente do país.

É importante destacar que nenhum dos governantes esquerdistas do Chile mudou a política econômica implantada pela ditadura de Pinochet. Em 2010, depois de 20 anos no poder, a Concertación perdeu a eleição presidencial para Sebastián Piñera, do Partido Renovación Nacional (centro-direita). Em 2014, Michele Bachelet voltou a ser presidente do Chile. Em 2018, foi eleito novamente Sebastián Piñera.

ARGENTINA

A história política da Argentina sempre foi marcada por golpes e ditaduras. Na década de 1940 começa a se sobressair o nome do coronel Juan Domingo Perón, que era um dos líderes do Grupo de Oficiais Unidos (GOU), de tendência fascista e anticomunista. 

Em 1946 Perón foi eleito presidente e governou até 1951, quando foi reeleito e ficou no poder até ser deposto pelos militares em 1955. Durante este período perseguiu seus adversários, controlou os sindicatos, concedeu direito de voto às mulheres, e usando e abusando do populismo, se tornou líder da maioria das pessoas do país, principalmente as mais pobres, junto com sua esposa Maria Eva Perón, conhecida como Evita, “la madrecita de los descamisados”, que faleceu em 1952, transformando-se em verdadeira santa para a maioria dos argentinos.

Enquanto esteve no exílio na Espanha, a Argentina continuava sua política marcada pela instabilidade. Em setembro de 1973, depois de retornar do exílio, foi eleito presidente, mas faleceu em julho de 1974.  

A Presidência foi assumida por sua viúva e vice-presidente, Maria Estela Martinez de Perón, mais conhecida como Isabelita Perón, a primeira mulher a assumir a presidência de um país na América Latina, que foi deposta por um golpe militar em 1976. 

O general Jorge Rafael Videla implantou uma ditadura violentíssima, com milhares de prisioneiros, mortos e exilados.

Sua obra foi continuada pelo general Leopoldo Galtieri, que caiu devido à crise econômica e à Guerra das Malvinas (1982). 

Com o retorno da democracia, foi eleito Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical (UCR), que enfrentou sérios problemas econômicos e políticos, inclusive com tentativas de revoltas militares e entregou o cargo ao novo presidente Carlos Menem, do Partido Justicialista (Peronista). 

Menem implantou a dolarização da economia, atrelando o peso ao dólar e valorizando a moeda, pelo menos por algum tempo, além de privatizar empresas e assinar o acordo do Mercosul. Foi reeleito em 1995, mas seu segundo mandato foi marcado pela crise do “Efeito Tango” e por casos de corrupção dele, de sua família e de membros de seu governo, levando-o a entregar o cargo antes do término legal do mandato.

 O novo presidente era Fernando De La Rúa, que assumiu em 1999, em meio a uma recessão brutal. Renunciou ao cargo em dezembro de 2001, desencadeando mais uma crise política no país, que teve cinco presidentes em uma semana (De La Rua, Ramón Puerta, Rodríguez Saá, Eduardo Camaño e Eduardo Duhalde). 

Duhalde ficou no governo até 2003, quando passou o cargo para o peronista Néstor Kirchner, que decretou a moratória da dívida argentina, complicando ainda mais a economia do país, mas posava de grande líder nacionalista e conseguiu eleger sua esposa para sucedê-lo na presidência a partir de 2007. O casal K, como é conhecido, aliou-se ao que há de pior no continente, como Hugo Chávez, e persegue brutalmente a imprensa e os adversários políticos. Néstor Kirchner faleceu em 2010. Cristina foi reeleita em 2011 e passou a enfrentar uma grave crise política e econômica. Em 2015, depois de 12 anos de domínio da família Kirchner, Maurício Macri assume a Presidência do país.

VENEZUELA

Nas décadas de 50 a 80 do Século XX, quando quase toda a América Latina vivia sob regimes ditatoriais tanto de esquerda, quanto de direita, a Venezuela conseguia viver uma normalidade institucional surpreendente. Grande produtor de petróleo, o país viveu uma onda de consumismo e até de crescimento a partir da crise mundial do petróleo (1973), mas uma parcela enorme da população continuava na miséria. 

Durante o segundo governo de Carlos Andrés Pérez (1988-1993), com a redução do preço do petróleo, aparecem sinais de uma crise econômica, além disso, ocorre uma tentativa frustrada de golpe militar, liderada pelo coronel Hugo Chávez (1992).

Em 1998, Hugo Chávez foi eleito para governar de 1999 a 2004 e implantou uma nova Constituição, que eliminou o Senado e a Câmara Legislativa, criando a Assembléia Nacional, sob controle dos chavistas, além disso, ampliou o mandato presidencial para seis anos e anulou todos os mandatos obtidos pela antiga Constituição. Assim sendo, em 2000 houve eleições gerais e Chávez foi eleito para governar de 2001 a 2007.

Em seu novo mandato, Chávez implantou a “revolução bolivariana”, ou segundo suas palavras: “o socialismo do Século XXI”. Seja lá o que isso quer dizer, o certo é que ele passou a censurar a imprensa, fechando emissoras de rádio e TV que o criticavam, acusando mesmo a RCTV de ter tramado o golpe fracassado de 2002. Estatizou quase tudo no país, e passou a usar plebiscitos para dar a si mesmo cada vez mais poderes, obtendo até o direito de reeleição ilimitada e apoiou financeiramente grupos terroristas, como as FARC (quase provocando uma guerra com a Colômbia), e também seus aliados, como o ditador cubano Fidel Castro, o índio imundo da Bolívia, Evo Morales, o abominável casal Kirchner, na Argentina, o galã de bordel do Equador, Rafael Correa, o estuprador e pedófilo da Nicarágua, Daniel Ortega, o golpista de Honduras, Manuel Zelaya, entre outros. Por sorte seus asseclas foram derrotados no México, no Peru, na Colômbia e no Chile. Chávez usa a mesma tática de Adolf Hitler: usa os elementos da democracia para matá-la e para reescrever a história do país, para se autoglorificar e governar eternamente. O socialismo de Chávez não é do Século XXI. É o mesmo socialismo que distribuiu a miséria para a maioria, pois faltam comida e medicamentos no país, mas privilegia a família do ditador e seus apaniguados. Em 2012 foi eleito para o quarto mandato, mas morreu de câncer em janeiro de 2013 sem ter sequer tomado posse. O vice-presidente Nicolás Maduro assumiu ilegalmente o governo e venceu as eleições de 14 de abril de 2013 por pouco mais de 1%. O candidato oposicionista Henrique Capriles denunciou fraude eleitoral e exigiu a recontagem total dos votos. Enquanto isso, a polícia bolivariana chavista continua descendo a porrada nos opositores. E tudo continua como antes na infeliz Venezuela.

BOLÍVIA

Assim como os demais países da América Latina, a Bolívia tem um passado violento de golpes e contragolpes, porém a partir de 1982 havia retomado um caminho democrático, entretanto as crises econômicas da década de 1990 e do início do século XXI, além da miséria dos camponeses, que se habituaram a fornecer coca para os narcotraficantes, provocaram uma desestabilização no país, que culminou com a eleição do índio Aymará, Juan Evo Morales pelo Movimento ao Socialismo (MAS) em 2005. O governo de Morales acirrou a divisão do país entre pobres e ricos, índios e brancos, e aumentou o desejo de separação da chamada “Meia Lua Boliviana” (departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando), que trabalha para sustentar o resto do país. Além disso, estatizou companhias estrangeiras, entre elas a Petrobrás, que explorava gás natural. Morales, um seguidor desavergonhado do chavismo, modificou a Constituição para ter mais poderes e garantir sua reeleição. Em seu governo, a produção de coca aumentou mais de 40%. Ele alega que é para o consumo tradicional dos índios bolivianos, mas a população boliviana não cresceu tanto assim, ou seja, o aumento da produção é para atender aos narcotraficantes. Em 2014 iniciou seu terceiro mandato.

COLÔMBIA

Assim como os demais países latino-americanos, a história da Colômbia é marcada pela violência política e pelas ditaduras. Porém, o que torna o caso colombiano mais grave é a presença dos narcotraficantes, entre os quais o mais famoso foi Pablo Escobar, e sua aliança espúria com os grupos terroristas como O Exército de Libertação Nacional (ELN, e principalmente, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), uma aliança maoísta fundada por Manuel Marulanda, que seqüestra e mata políticos, camponeses, militares, comerciantes, jornalistas e pessoas comuns com o objetivo de tomar o poder no país. Essa aliança entre narcotraficantes e terroristas de esquerda é gravíssima, não só para a Colômbia, como para os países vizinhos. Sabe-se também que Hugo Chávez, o bandoleiro de Caracas, apoia as FARC, que também fundou o Foro de São Paulo, junto com o PT. A Partir do governo de Álvaro Uribe (2002-2010) as FARC tem perdido força, inclusive com a morte de seus principais líderes. O atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que foi reeleito em 2014, celebrou um acordo de paz com as FARC em setembro de 2016, objetivando o fim a mais de 50 anos de guerra, mas no plebiscito realizado no dia 02 de outubro de 2016, a maioria do povo rejeitou o acordo. Porém em dezembro de 2016 o Congresso Colombiano aprovou outro acordo com as FARC, sem precisar de plebiscito. O presidente ganhou o Prêmio Nobel da Paz.

OBS. A América Latina deu uma guinada à esquerda, com tipos populistas, demagogos e bandidos, enquanto o socialismo radical decaiu no resto do Mundo, após a Queda do Muro de Berlim. Além disso, problemas como a violência urbana, o narcotráfico, a saúde precária e as ameaças à liberdade de opinião e de expressão, são muito fortes na região. No Paraguai, Fernando Lugo foi legalmente deposto e substituído por Federico Franco em 22/06/2012. Em 2013 foi eleito Horácio Cartes. Em 2018 foi eleito  Mário Abdo Benítez.