Oriente Médio

CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE

Após a derrota na Primeira Guerra Mundial e a desintegração do Império Turco, foi aprovada pela Liga das Nações (1922) a Declaração Balfour, que colocava a Palestina sob administração inglesa com o compromisso de criar o Estado judeu na região. Em 1947, a ONU, ainda em choque com o massacre de seis milhões de judeus pelos nazistas (Holocausto), decidiu dividir a região em duas áreas: uma, para judeus, e outra, para palestinos. Com a retirada das tropas inglesas em 1948, David Ben Gurion proclamou o Estado de Israel, acirrando o conflito com os palestinos e com os países árabes vizinhos:

- Primeira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra de Independência (1948-1949): Tropas do Egito, do Iraque, da Jordânia, do Líbano e da Síria atacaram o recém criado Estado de Israel, que reagiu e venceu o conflito, ampliando seu território.

- Segunda Guerra Árabe-Israelense ou Guerra de Suez (1956): O Egito, apoiado pela URSS, atacou, mas Israel, apoiado por Inglaterra e França, venceu e ocupou a Península do Sinai, que foi abandonada pelos israelenses em 1959, sob pressão dos Estados Unidos e da URSS, desde que o Egito se comprometesse a não mais atacar Israel.

- Em 1959, foi criado o movimento guerrilheiro palestino chamado Al-Fatah, que levou à criação da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) em 1964, tendo como fundador e principal líder Yasser Arafat.

- Terceira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra dos Seis Dias (1967): Tropas do Egito, da Jordânia, da Síria, do Líbano e do Iraque atacaram, mas a reação israelense foi fulminante, com destaque para os Generais Moshe Dayan e Yitzhak Rabin, e em seis dias ocupou a Península de Suez, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia (incluindo a cidade de Jerusalém), e as colinas de Golan.  

- Quarta Guerra Árabe-Israelense ou Guerra do Yom Kippur (1973): Tropas egípcias e sírias atacaram e mais uma vez a reação israelense foi fulminante e a intervenção dos Estados Unidos e da União Soviética forçou um acordo de paz.

- Em 1979, foi assinado pelo Presidente Anuar El-Sadat (Egito) e pelo Primeiro-Ministro Menahen Begin, o Acordo de Camp David, através do qual, o Egito recebeu a Península do Sinai, em troca de reconhecer o Estado de Israel. Em 1980, Sadat foi assassinado por um fanático islâmico que o considerava um traidor do povo árabe. O novo governante do Egito, Housni Mubarak, respeita até hoje o acordo assinado por Sadat.  

- Em setembro de 1982, milícias cristãs no Líbano, com a conivência do exército israelense, promoveram o Massacre de Sabra e Shatila, campos de refugiados palestinos.

- Em 1987, ocorreu a Primeira Intifada (Revolta das Pedras) dos palestinos de Gaza e da Cisjordânia contra os israelenses.

- Em 1993, foi assinada a Paz de Washington entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, que determinou a retirada das tropas israelenses dos territórios conquistados em 1967 e a criação da ANP (Autoridade Nacional Palestina), primeiro passo para a criação do Estado Palestino. Em troca, Arafat reconheceu o Estado de Israel. Tudo caminhava bem até o assassinato de Rabin por um fanático judeu, o que acabou criando condições para a Segunda Intifada em 1999.

- A ação de extremistas como o Hamas e o Hesbollah, patrocinados pelos governos da Síria e do Irã, que lançam foguetes sobre o território israelense e utilizam homens-bomba, complicaram ainda mais a situação, justificando, por exemplo, que o Primeiro-Ministro de Israel, Ariel Sharon, ordenasse a construção do muro na Faixa de Gaza. Com a morte de Arafat em 2004, Mahmoud Abbas assumiu a Presidência da ANP, mas enfrenta a oposição política e militar (inclusive com massacres de milicianos do Al-Fatah) do Hamas, cujo líder Ysmail Hanyeh foi eleito para o cargo de Primeiro-Ministro da ANP.

REVOLUÇÃO IRANIANA

O Irã (antiga Pérsia) era o país mais pró-ocidente do Oriente Médio e aliado dos Estados Unidos. Era governado pelo Xá Rheza Pahlev cujo governo era corrupto e violento. Em 1979 uma Revolução Islâmica, liderada pelo Aiatolá Khomeini (que vivia no exílio em Paris), derrubou a monarquia e a população influenciada pelo fanatismo religioso, invadiu a embaixada dos Estados Unidos e fez os funcionários como reféns. O presidente Carter ordenou uma operação militar para libertar os reféns, mas que foi um tremendo fracasso. Khomeini implantou uma República Islâmica e muitos costumes ocidentais (vestuário, minissaia, maquiagem, música, jogos, cinema etc.) foram proibidos pelo novo regime. Foram reintroduzidos os castigos corporais para quem violasse os preceitos da sharia (sexo fora do casamento, adultério, consumo de álcool etc.) e a pena de morte foi aplicada não só nos defensores do xá (sobretudo ministros e militares do anterior regime), como também em prostitutas, homossexuais, marxistas (por defenderem o laicismo do Estado), membros de outras crenças (judeus, cristãos coptas), além disso envolveu o país na Guerra Irã-Iraque (1980-1988), que custou milhares de vidas. Após a morte de khomeini em 1989, o Estado Islâmico continuou através do Conselho dos Aitolás e da Polícia Religiosa, que fraudam eleições, censuram, prendem, torturam e matam os supostos “traidores da revolução”. O atual presidente Mahmoud Ahmadinejad nega a existência do Holocausto dos judeus, financia grupos terroristas em vários países e desenvolve um projeto nuclear que é uma séria ameaça à Comunidade Internacional.

LÍBANO

O Líbano se libertou da França em 1945 e se tornou uma nação aberta e democrática. Beirute, sua capital, era o centro financeiro e bancário de todo o Oriente Médio, uma próspera Suíça Oriental, porém o radicalismo religioso dividia o país: de um lado muçulmanos (sunitas e xiitas), que são maioria da população; de outro, os cristãos (maronitas, ortodoxos, católicos armênios e protestantes), que controlam as atividades econômicas e políticas. Isso tudo, aliado às tensões internacionais, acabou provocando a Guerra Civil do Líbano (1975-1990), que contou com a participação da OLP e da Síria (apoiando os muçulmanos) e de Israel (apoiando os cristãos). Após a guerra, mesmo com a permanência de tropas sírias, o país retomou o crescimento econômico, principalmente no governo de Rafik Hariri, que acabou assassinado em um atentado terrorista (2005). As pressões dos Estados Unidos e da União Europeia forçaram a retirada das tropas sírias, que, entretanto continuam apoiando e armando o Hesbollah, liderado pelo fanático Hassan Allah Nasrallah. Em 2006 e em 2008, o exército israelense revidou os ataques do Hesbollah, chegando mesmo a invadir Beirute.

IRAQUE

O Iraque, grande produtor de petróleo, não chamava a atenção internacional desde sua independência da Inglaterra em 1932. Porém, em 1979, um violentíssimo golpe de Estado levou ao poder o líder dos sunitas e do partido Baath, Saddam Hussein, que implantou uma ditadura brutal. Em 1980, tendo como pretexto a disputa pela região do Chat-el-Arab e tendo apoio dos Estados Unidos, Arábia Saudita e Egito, atacou o Iraque, que foi apoiado pela URSS, dando início á Guerra Irã-Iraque (1980-1988). O confronto nessa região produtora de petróleo deixou um milhão de mortos, dois milhões de feridos e um prejuízo de 400 bilhões de dólares. Saddam Hussein protagonizou um novo conflito internacional ao invadir outro vizinho, o Kuait, em 1990, por divergências em relação à política de preços do petróleo e antigas questões, como o controle de portos que lhe dariam novo acesso ao Golfo Pérsico, dando origem à Guerra do Golfo. O território iraquiano foi bombardeado pelas forças de 30 países, lideradas pelos Estados Unidos, na Operação Tempestade no Deserto, em janeiro de 1991, durante o governo de George Bush. Depois de mais de 100 mil mortes, o cessar-fogo foi assinado no mês seguinte e a ONU impôs um embargo comercial ao país. Com o fim desse episódio, eclodiram revoltas de curdos - um dos povos mais antigos do mundo - no norte do Iraque, e de xiitas ao sul, contra o regime de Saddam - que as reprimiu com violência, inclusive com o uso de armas químicas. Em 20 de março de 2003, alegando que o Iraque possuía armas de destruição em massa, a coalizão anglo-americana iniciou a intervenção militar no Iraque, sem a autorização do Conselho de Segurança da ONU e sem o apoio de tradicionais aliados como a França e a Alemanha, mas com a ajuda dos curdos e de sua Aliança do Norte, rapidamente obteve a vitória. Abuso de poder, corrupção, prisões ilegais e torturas (em Abu Graib e Guantânamo) marcaram a presença americana durante o governo de George W. Bush. O paradeiro de Saddam ficou desconhecido durante vários meses até que, em 13 de dezembro de 2003, o ditador foi localizado escondido num buraco subterrâneo uma fazenda da cidade de Adwar, próxima a Tikrit (Operação Red Dawn – Alvorada Vermelha). O ditador foi julgado, condenado e enforcado em 30 de dezembro de 2006. A situação no país continua terrivelmente tensa, pois apesar da eleição de um novo governo, os atentados terroristas continuam.

AFEGANISTÃO

Depois da saída dos soviéticos do país, os talebãs, liderados pelo mula Omar, implantaram uma ditadura islâmica, eliminando as liberdades individuais, proibindo o uso de rádio e televisão, massacrando mulheres, homossexuais, opositores religiosos e políticos. Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, o governo americano conseguiu aprovação da ONU para atacar o país, acusando-o de dar abrigo ao terrorista Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda. Os talebãs foram derrotados, mas o mula Omar e Osama Bin Laden nunca foram capturados. Os ataques terroristas continuam sendo realizados pelos talebãs.

OBS. No início de 2011, principiou-se um movimento conhecido como "a primavera árabe" e que ameaça o poder do ditador Ali Abdullah Saleh (Iêmen); no Barhein, o Rei Al-Khalifa, anunciou reformas para tentar se manter no poder; na Síria, o ditador Bashar Al Assad vem reprimindo com extrema violência os rebeldes e, por enquanto, se mantém no poder.